sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Hoje na História: 1861 - Estados do Sul abrem secessão e iniciam guerra civil norte-americana



Hoje na História: 1861 - Estados do Sul abrem secessão e iniciam guerra civil norte-americana

Escravista e agrário, Estados Confederados queriam manter livre comércio e comércio de escravos


Os Estados Confederados da América formaram uma unidade política em 4 de fevereiro de 1861. Quatro dias mais tarde abrem secessão em relação aos demais Estados do norte. A confederação nasceu com seis Estados do Sul agrário e escravista dos Estados Unidos: Alabama, Carolina do Sul, Flórida, Geórgia, Louisiana e Mississipi. A decisão ocorreu após o abolicionista Abraham Lincoln ter vencido as eleições presidenciais de 1860. Jefferson Davis foi escolhido como o primeiro presidente dos Estados Confederados da América no dia seguinte, sendo o único a governá-la até ser capturado pela União em 10 de abril de 1865, um dia após a rendição incondicional das tropas confederadas em Appomattox.

Wikimedia Commons - Abraham Lincoln
O Norte era comandado pela burguesia industrial que defendia o protecionismo alfandegário por não conseguir competir com os preços dos produtos ingleses. Já o Sul, que tinha como base a economia agrária, era comandado por uma aristocracia que defendia a liberdade de comércio, exportava quase toda sua produção, em especial a do algodão,  e comprava da Inglaterra os produtos manufaturados.

Por ocasião da expansão para o Oeste e do rápido crescimento da indústria, os representantes do Norte eram abolicionistas, por terem interesse no crescimento do mercado consumidor e, ao mesmo tempo, na obtenção de mão-de-obra barata. Já os sulistas defendiam a livre adoção da escravidão por se beneficiavam diretamente desta mão-de-obra em suas fazendas, lucrando com os altos preços na venda dos escravos.

No primeiro discurso de Lincoln como presidente, ele declarou a ilegalidade da secessão. Disse que usaria a força para manter o controle das propriedades federais nos estados da Confederação e concluiu pedindo a restauração dos laços da União.

O Sul ignorou o pedido e, em 12 de abril de 1861, atacou as tropas federais no Fort Sumter, em Charleston, Carolina do Sul. Lincoln conclamou os estados do Norte a cederem tropas para recapturar o forte. Os confederados resistiram e conseguiram a adesão de mais quatro Estados: Arkansas, Carolina do Norte, Tennessee e Virginia. Mais tarde o Texas se juntou a eles.

Os Estados Confederados saíram dos Estados Unidos e tomaram o controle das instalações militares, portos e demais propriedades da União dentro dos limites da Confederação, desencadeando desse modo a Guerra Civil Americana.

Segundo a maioria dos historiadores, duas foram as causas fundamentais da secessão: a intenção dos republicanos de restringir e até eliminar a escravidão; por outro lado, as grandes limitações de poder político dos Estados da União no que se referia à propriedade dos escravos.

Benjamin Palmer, pastor da principal Igreja Presbiteriana de Nova Orleans, argumentava, em apoio à secessão, num sermão do Dia de Ação de Graças em 1860, que os sulistas brancos tinham o direito e a obrigação de manter a escravidão em favor de seus interesses econômicos e sociais, "agindo como guardiães dos afetuosos e leais embora desamparados pretos" e para atuar como "defensores da religião contra o ateísmo abolicionista".

No conhecido "Discurso da Pedra Angular", o vice-presidente da Confederação, Alexander Stephens, declarou que a "pedra angular" do novo governo"era a grande verdade de que o preto não é igual ao homem branco. A escravidão, subordinação a uma raça superior, é a sua natural e normal condição. O nosso novo governo é o primeiro, na história do mundo, baseado sobre esta grande verdade física, filosófica e moral".

Wikimedia Commons - Reprodução

Em azul, Estados da União e, em vermelho, da Confederação. Em azul claro, os unionistas que permitiam a escravidão

Já o presidente dos Estados Confederados, Jefferson Davis, não fez referência explícita à escravidão no seu discurso de investidura. Ressaltou apenas a importância do direito dos Estados implantarem suas próprias políticas como a razão fundamental da secessão.

A Constituição dos Estados Confederados revela os motivos para a cisão da União. Embora grande parte fosse cópia da Constituição dos Estados Unidos, continha várias disposições que garantiam a permanência da escravidão, apesar do comércio internacional de escravos estar proibido. Preservava também o direito dos Estados de se autogovernarem, demarcando-se do poder central. Proibia que o governo confederado estabelecesse tarifas protecionistas internas e que usasse os impostos arrecadados para financiar melhorias próprias em outro Estado. Em contraposição à linguagem secular da Constituição dos Estados Unidos, a confederada pedia abertamente a benção de Deus: "Invoking the favor of Almighty God" ("Invocando o favor de Deus todo-poderoso").

A constituição confederada, aprovada em 11 de março de 1861, permaneceu vigente até 1865. Estabeleceu que o presidente dos Estados Confederados seria eleito para um mandato de seis anos, mas não podia apresentar-se a uma reeleição. Um único poder era outorgado ao presidente: o direito de veto, se bem que esta possibilidade estava presente para alguns governadores de Estado. O Congresso Confederado podia derrubar o veto pela maioria de dois terços. A aprovação de leis não propostas pelo Poder Executivo dependia de dois terços de votos favoráveis em ambas as casas do Congresso.

Wikimedia Commons

Quadro retrata a Batalha de Gettysburg, considerada a mais sangrenta da Guerra Civil

A impressão de papel moeda e selos foi autorizada e posta em circulação, embora fosse realizada pelos Estados individualmente em nome da Confederação. O governo considerou emitir moedas, mas a carência de lingotes frustrou os planos.

A capital dos Estados Confederados da América era Montgomery, Alabama, a partir de 4 de fevereiro de 1861 até 29 de maio de 1861. Richmond, Virgínia, foi designada a nova capital a 6 de maio de 1861. Pouco antes do final da guerra, o governo confederado evacuou Richmond, com a intenção de localizar a capital mais para sul. Danville, Virgínia, serviu como efêmera capital dos últimos dias da Confederação, de 3 a 10 de abril de 1865.

Terminadas as negociações entre o general confederado Robert Lee e o general unionista Ulysses S. Grant na casa de McLean, perto da Corte de Justiça de Appomattox, Virgínia, em 9 de abril de 1865, os termos da rendição foram firmados, pondo a fim à sangrenta Guerra Civil.



08/02/2013 - 08h50 | Max Altman | Redação

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